A Yara era uma cadela doce que corria e saltava para a relva como uma gazela, mesmo quando se aproximava do final da sua vida, aos 15 anos de idade. Ela veio para o abrigo em 2010, com as suas irmãs, Kika e Cremezinha, e, infelizmente, lá permaneceu até à sua morte.

A Yara era a mais tímida das três e nunca perdeu o medo das pessoas, permanecendo tímida mesmo com os voluntários. Ela saltava fora do nosso alcance com aquele jeito de gazela dela, com quase um sorriso de marota como se tivesse jogando o “jogo da apanhada”. Mas às vezes deixava-nos “apanhá-la”, e, lentamente, relaxava e gostava de ser acariciada por um momento, sentindo o amor que deveria ter sido dela ao longo da sua vida.

A Yara passou muitos anos com a sua irmã Kika e o seu amigo Pedro Miguel mas, após a morte de ambos, a sua natureza gentil facilitou muito para conseguirmos juntá-la com outros cães numa box maior.

Sendo uma cadela mais velha, ela recebia comida extra no final do dia, e esperava ansiosamente na porta da cozinha pelo seu petisco. E como todos os nossos cães, ela foi corajosa, escondendo de nós um segredo obscuro sem reclamar: um tumor na virilha. Mesmo um dia antes de isso a dominar, ela voou para a relva como sempre, e comeu a sua comida especial como se fosse apenas mais um dia.

De repente, no dia seguinte, ela teve dificuldade para andar, e uma visita ao veterinário revelou o segredo que ela guardava.

E assim chegou a triste hora de deixarmos a doce Yara partir, a última das irmãs que merecia algo melhor do mundo. Ela deixou-nos como viveu: em paz.